Globo: a verdade é mais dura

Roberto Marinho e o ditador Figueiredo

Roberto Marinho e o ditador Figueiredo

A Globo pediu perdão por ter apoiado o golpe de 1964, mas esqueceu de dizer o quanto ela lucrou com ele. Seu apoio ao regime não foi uma questão de consciência ou de ética resultante de uma má avaliação política. Ela simplesmente ganhou mais concessões e com isso mais poder e dinheiro. Ela não optou torcer por um time que roubou, nem teve uma avaliação errada ao escolher um lado num conflito. Ela fez o que fez para ganhar dinheiro, é claro que com certa coincidência de valores entre ela e o lado escolhido.

Seria mais sincero dizer: “sim, apoiamos o regime militar, sim, a verdade é dura, mas assim é o sistema que defendemos, que é o capitalismo e não a democracia”. Nesse sistema, uns investem no seguro, outros no arriscado. A Globo preferiu investir no seguro para ter um retorno garantido, estável e lucrativo. Seu compromisso é, ainda hoje, com o próprio lucro e não com a democracia. Seu apoio aberto e sistemático à ditadura garantiu a construção de um império midiático. Garantiu também a perpetuação da própria ditadura e vem contribuindo para a preservação de suas piores heranças.

A verdade é ainda mais dura: a Globo cresceu graças a seu apoio à ditadura.

Enquanto houver o monopólio da mídia que a ditadura alimentou não haverá democracia.

2 comments

  1. *** disse:

    Foi O Globo que assumiu que foi um erro apoiar a ditatura. A Globo não está nem aí. Continua tocando o Criança Esperança e tal.

  2. Amigo aí de cima, apenas para citar o começo do editorial:

    “Desde as manifestações de junho, um coro voltou às ruas: “A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”. De fato, trata-se de uma verdade, e, também de fato, de uma verdade dura.
    Já há muitos anos, em discussões internas, as Organizações Globo reconhecem que, à luz da História, esse apoio foi um erro.”

    O GLOBO faz parte das Organizações Globo, da qual também fazem parte a Rede Globo de Televisão, a Rádio CBN, a Revista Época, só para citar uns poucos…

    o começo do editorial mostra que se está falando das Organizações como um todo. É claro que o que dá o tom é o jornal, até porque foi a via de saída do “pedido de desculpas”, mas não dá para não pegar a mensagem de que o conglomerado como um todo fez parte do apoio, e fez, e nem dá para deixar de pensar que o reflexo do apoio e a linha editorial, criticados pelo autor do texto, permeiam grande parte, se não todos os produtos das Organizações Globo.