Violência, mas para quê?

Dica de leitura: em um momento em que a palavra “violência” parece não sair da boca de todos os porta-vozes da mídia, vale perguntar: “violência, mas para quê?”

O texto do filósofo alemão Anselm Jappe apareceu no Brasil no momento justo: junho de 2013. Foi, porém, escrito em 2009, tendo como motivação a prisão sob acusação de “terrorismo”(!) de 9 anarquistas na cidade de Tarnac, na França, que teriam supostamente planejado um ataque a uma linha de trem. Se tinham de fato planejado algo, o que nunca foi provado, isso não teria sido mais do que a sabotagem de uma linha de alta velocidade. A França “foi muito longe no apagamento das fronteiras entre terrorismo, violência coletiva, sabotagem e ilegalidade”, afirma Jappe. Mas isso não diz respeito apenas ao país europeu: “essa criminalização de todas as formas de contestação não estritamente “legais” é um grande acontecimento de nossa época”, e coloca a nu o funcionamento da “democracia” atual:

“Toda e qualquer oposição à política das instâncias eleitas que vai além de um abaixo-assinado ou de uma carta ao deputado local é por definição “antidemocrática”. Em outras palavras, tudo o que poderia ser minimamente eficaz é proibido, mesmo o que ainda era permitido há não muito tempo.”

Mas isso não significa fazer uma apologia incondicional da violência. Não se deve confundir violência com radicalidade. Como bem lembra Jappe: “Admirar a violência e o ódio enquanto tais ajudará o sistema a descarregar a violência em bodes expiatórios”. É preciso que essa violência seja devidamente acompanhada de uma critica do funcionamento do capitalismo – logo, do valor, do trabalho, do capital, da concorrência – para que o sentimento de humilhação que o controle nos impõe possa levar à uma subversão inteligente e não a um simples massacre.

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